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AVES EM EXTINÇÃO: EXPOSIÇÃO DE GRAVURAS

 

"Há no universo da gravura 
uma essência de verdade."

Adir Botelho
 

O ato de gravar superfícies é algo antigo, que acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Antes gravando sobre pedras em forma de petróglifos ou ainda, sobre a madeira e ossos como ornamentos e sobre utensílios de argila como marca de identificação e propriedade. Em um sentido mais amplo, as gravuras são conhecidas desde a antiguidade e em quase todas as culturas. Esse mesmo ato de gravar sobre uma superfície perpassou a história e subsiste no tempo presente na forma da arte da gravura. 

 

A gravura surge do ato criador do artista que transcreve sobre a superfície  da matriz seja em forma de sulcos como as gravuras de relevo (xilogravura, linoleogravura e outras técnicas parecidas), seja na gravura a entalhe (gravura em metal) com seus sulcos ou áreas uniformes ou não, seja na gravura em plano (litogravura) nesse processo a matriz se mantém fisicamente intacta ou mesmo gravura a estampilha (serigrafia) que pode ser com processos fotográficos ou de recorte.  Em todos esses processos o que é gerado é uma matriz, uma superfície que recebeu a gravação. A matriz após entintada e pressionada sobre o papel transfere a imagem que antes estava gravada em sua superfície da matriz para o papel. Surge assim a gravura propriamente dita, uma estampa sobre o papel. Nesse sentido as gravuras são procedimentos artesanais de formalização e poética expressiva que geram múltiplos originais.

 

A partir de uma imagem única, gravada em uma matriz, o artista tira uma ou diversas impressões. Não só a técnica de gravar e reproduzir imagens é conhecida como gravura, mas também cada uma das imagens impressas a partir de uma matriz. Essa é sem dúvida a principal característica da gravura, a reprodução. A tiragem é o número total dessas cópias feitas a partir da mesma matriz e cada cópia é numerada e assinada pelo artista.

 

Essa exposição pretende lançar uma mensagem para o mundo, o que pressuponha o encontro entre o artista, a realização da obra e o espectador. Encontro esse, nem sempre possível e fácil de estabelecer. Isso porque fomos acostumados a pensar que o artista possui como matéria prima da sua criação os seus sentimentos e que ao entrar em contato com a obra de arte acessaremos essa realidade psicológica do artista. É necessário que observemos a manifestação da obra de arte através de um prisma muito mais complexo e que ela é resultado não da subjetividade do artista e sim da construção complexa de suas experiências manifestadas através de escolhas poéticas, formais, técnicas, gestuais muito mais precisas e calculadas. Na execução da gravura essas questões se tornam mais claras ao observarmos a inter-relação entre procedimentos artesanais, processos de formalização e poética expressiva. Ou seja, cada gravura exige do artista/criador um cálculo preciso dos efeitos expressivos que se pretende alcançar para uma efetiva potência visual, não se valendo de vínculos psicológicos. 

 

Toda obra de arte é fruto do seu tempo, os artistas transcrevem em suas obras as impressões e urgências do seu tempo, seja de forma mais íntima como obras autobiográficas ou obras que dialogam com temas mais universais. Nesse sentido, as obras aqui apresentadas refletem a urgência de se repensar a maneira de coexistir no planeta com os demais seres vivos e os recursos naturais. O modelo consumista capitalista não é sustentável e não possui empatia pelos demais seres vivos.  Aves em extinção: Exposição de gravura é um diálogo direto entre a arte e a vida ao trazer em sua poética o tema das aves em extinção, seja de forma direta como nas obras dos artistas: Zamy Pesci, Chimenia Sczesny, Silvano Tomaz, Adriana Mendonça e Caio Franco ou ainda pela a via estética e formal dos artistas: Goretti Gomide, Vitor Pedroso, Sandra Montenegro, Jennifer lima, Bruno Brandão, Lina Ganem, Raquel Rodrigues, Dani Gonçalves, Margarita Gallo, Bruno de Andrade, Sebá Neto, Rita Peixe, Marcela Lopes, Lima Peres, Difavela, Bruno Mello, Adrians, Diego Fernandes, Cláudio Montanari, Raphael Giannini e Luciene Lacerda. Esse conjunto de obras aqui reunidas buscam tecer um diálogo entre a obra de arte, o espectador e a vida no tempo presente, nos lembrando que como as linhas gravadas em uma matriz de gravura assim também, são nossas ações. E essas ações deixam deixam marcas indeléveis que são impressas no planeta. 

 

Pensar o futuro sem ter consciência do passado é algo que não é plausível e correto, dessa forma, trazemos para compor o conjunto de obras selecionadas mais 10 gravuras de dois artistas que são mestres da gravura brasileira: Yolanda Carvalho que é o maior nome da xilogravura no Piauí, arte esta que se dedica há mais de 30 anos, seja como artista ou como educadora e o grande mestre Ciro Fernandes um dos maiores nomes da xilogravura brasileira com mais de 60 anos dedicados à gravura. A maestria de suas produções são exemplos que influenciam e incentivam a nova geração artistas, perpetuando dessa forma a arte da gravura.  Em suas poéticas visuais os dois artistas trazem temas relacionados com a natureza. Ter esses dois artistas na exposição reforça a importância da gravura brasileira como reflexo de nossa cultura e como meio de diálogo entre a vida e a arte. Temos na gravura um poderoso instrumento de comunicação e de manifestação da nossa cultura e de questões urgentes. 

 

Vista pelo viés político, a exposição se propõe como um espaço de reflexão acerca da Natureza e de como a civilização humana se insere e se comporta frente a ela. Os dados apresentados pelos especialistas são alarmantes e as ações governamentais são ineficientes ou mesmo inexistentes. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE em 2014:

 

“O Brasil tem 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas, o que representa 19,8% do total de 16.645 espécies avaliadas. É o que aponta a pesquisa Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no Brasil 2014."¹

A cada ano que passa esses números só aumentam. É necessário e urgente repensarmos o nosso modo de vida e aprendermos mais sobre as nossas responsabilidades com as gerações futuras. De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza,  “O Brasil tem 165 espécies na lista e é o país com maior número de aves globalmente ameaçadas de extinção. Estas representam 12% de todas as aves em risco no planeta.”² Nesse sentido as gravuras aqui expostas buscam comunicar e testemunhar o seu tempo. Nelas vemos latente a capacidade de refletir e registrar o desaparecimento dessas espécies de aves.

 

Vone Petson - Curador

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1. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-11/IBGE-Brasil-tinha-3299-especies-em-risco-de-extincao-em-2014

2. IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) - Lista de aves brasileiras ameaçadas de extinção. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/lista-de-aves-brasileiras-ameacadas-de-extincao/
 

 

O projeto Aves em Extinção - Exposição de Gravuras, foi contemplado pelo Prêmio Aldir Blanc Tocantins do Governo do Estado do Tocantins, com apoio do Governo Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura, Fundo Nacional de Cultura

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 ARTISTAS
HOMENAGEADOS
Yolanda Carvalho
Ciro Fernandes


ARTISTAS
SELECIONADOS
Adriana  Mendonça
Adrians
Bruno Brandão
Bruno de Andrade 
Bruno Mello
Caio Franco
Chimenia Sczesny
Cláudio Montanari 
Dani Gonçalves
Diego Fernandes
Difavela
Goretti Gomide
Jennifer Lima
Lima Peres
Lina Ganem
Luciene Lacerda
Marcela Lopes
Margarita Gallo
Raquel Rodrigues
Rita Peixe
Sandra Montenegro 
Sebá Neto
Silvano Tomaz
Vitor Pedroso
Raphael Giannini
Zamy Pesci


FICHA TÉCNICA
ORGANIZAÇÃO E PRODUÇÃO
Pablo  Marquinho

CURADOR
Vone Petson

AUDIODESCRIÇÃO
Anna Karolina Alves do Nascimento               Everson Oliveira da Cruz
Sidney Soares Trindade


SOCIAL MEDIA
PV - Pedro Vitor Alves Araújo 

REVISÃO
Lorenna Brandão

PATROCÍNIO






APOIO CULTURAL



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